Paulo escreve a carta para igreja de Roma a fim de mobilizar o apoio da igreja para sua missão à Espanha. Em Romanos 15,24 ele escreve: “Penso em fazê-lo quando em viagem à Espanha, pois espero que, de passagem, esteja convosco”. Ele jamais esteve em Roma e jamais se encontrou com a maioria desses cristãos. Assim, ele expõe seu evangelho para que eles o conhecessem nestes 16 capítulos.
Ora, se todos os missionários conhecessem a carta aos Romanos e pregassem a carta aos Romanos... E que todos nós que enviam missionários conhecessem a carta aos Romanos e a vivesse de modo que enviaríamos missionários da maneira como Paulo queria que fossem enviados e apoiados de Roma a Espanha. A mensagem poderosa e misericordiosa desta carta fará os americanos ricos se sujeitarem a um estilo de vida de tempo de guerra e despejar seus recursos na causa do Evangelho. E a mensagem poderosa e misericordiosa desta carta, nas bocas dos missionários que sofrem, destruirá os poderes das trevas e plantará a igreja de Cristo nos lugares mais difíceis.
O aspecto multicultural e global desta carta
Então, não é surpreendente quando se começa a ler esta carta que haja um aspecto multicultural e global nela. Em Romanos 1,5, Paulo nos diz que o propósito do apostolado: “É receber graça e apostolado por amor do seu nome, para a obediência por fé, entre todos os gentios”. É por essa razão que ele prega. É por isso que ele vai à Espanha. É por esse motivo que ele escreve esta carta: colocar em prática a fé em Jesus Cristo e a obediência que procede dela — entre todos os gentios!”. Romanos disserta sobre as nações — os grupos de povos que ainda não creem em Cristo. Os que não são justificados e ainda não foram santificados e, por conseguinte, não serão glorificados se não forem alcançados com o Evangelho.
Então, no versículo 14, ele nos fala de sua obrigação apostólica novamente: “Pois sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes”. E para não pensarmos que ele deixou de fora os judeus, ele diz no versículo 16: “Pois não me envergonho do Evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego”. Judeus, gregos e bárbaros, sábios e ignorantes! Em outras palavras, essa mensagem poderosa e misericordiosa da carta aos Romanos abre caminho pelas distinções nacionais, culturais e educacionais.
Isso é totalmente fundamental para tratarmos em nossa época pluralista — uma época muito parecida com o primeiro século quando a igreja de Cristo se expandiu muito rapidamente. O cristianismo não é uma religião tribal, mas exige fé e lealdade de toda tribo, língua, povo e nação. Jesus não é um deus dentre tantos deuses. Ele é Senhor dos senhores e Rei dos reis e não há outro nome debaixo do céu pelo qual os homens devam ser salvos. A mensagem poderosa e misericordiosa de Romanos não é apenas uma forma de salvação dentre muitas outras. Ela é a forma de salvação, porque Jesus Cristo é o único Filho de Deus e Salvador.
Essa reivindicação sempre foi material de debate. E hoje ela é debatida especialmente na América, mesmo entre cristãos professos e, é claro, entre os muçulmanos e judeus. No Friday’s Star Tribune 1 houve outro artigo que rejeitou a necessidade de fé em Cristo. Uma comissão de bispos católicos e rabinos americanos publicou um documento chamado “Reflexão sobre o Pacto e Missão”. A tese principal, o autor disse, é esta: “Esforços para converter os judeus não são mais teologicamente aceitáveis... porque o povo judeu já é fiel ao pacto com Deus” (sexta-feira, 20 de setembro de 2002, p. A23). Expressando de outro modo, há uma forma de salvação para os judeus que rejeitam Cristo e há outra forma de salvação para os que creem, os que recebem Cristo.
Esta é uma afirmação falsa e angustiosa de bispos cristãos em vista do que Jesus disse: “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (João 3,36). Portanto, no que concerne aos gentios que aceitam Cristo e os judeus que o rejeitam, Jesus disse: “Digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaac e Jacó no reino dos céus. Ao passo que os filhos do reino serão lançados para fora, nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes” (Mateus 8,11-12).
Assim, é inteiramente crucial que compreendamos as alegações universais da mensagem poderosa e misericordiosa de Romanos. Não estamos lidando aqui com uma opinião humana, ou filosofia humana ou um programa de progresso pessoal ou uma religião tribal ou algo paroquial e limitado. Estamos lidando com as novas verdadeiras que o único Deus interveio especialmente na história para salvar povos ao enviar seu único Filho para morrer pelos pecadores e ressuscitar. Rejeitar essas novas é perecer.
A tese da carta: Romanos 1,16-17
Portanto, Paulo afirma esse conceito em Romanos 1,16-17 e então explica e aplica esse conceito no restante da carta. “Pois não me envergonho do Evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. 17 Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: ‘O justo viverá pela fé’”. Primeiro, Paulo diz que sua mensagem — seu Evangelho — é poderoso e misericordioso para salvar: ele é o poder de Deus para salvação. E essa salvação é por meio da fé. O poder do Evangelho para salvar adentra nossas almas com a fé em Jesus Cristo.
Então, no versículo 17, ele explica porque o evangelho tem esse poder: “Visto que a justiça de Deus se revela no Evangelho”. O Evangelho tem o poder para salvar aqueles que confiam em Cristo porque ele revela a justiça de Deus. Qual o significado disso?
Romanos 1,18-3,20: Por que todos nós precisamos ser salvos?
Antes de ele explicar o que isso significa, Paulo analisa Romanos 1,18-3,19 para mostrar por que todos nós precisamos ser salvos. Você compreende o sumário de Paulo em Romanos 3,9: “Pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado”. E o versículo 19: “Que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável diante de Deus”. Portanto, todos nós somos pecadores. Todos nós estamos sob a ira de Deus (1,18). Não temos direitos que poderiam nos fazer aceitos por ele e o texto de Romanos 3,20 torna claro que jamais poderemos nos salvar e nos justificar: “Ninguém será justificado diante dele por obras da lei”. Somos pecadores. Estamos sob a ira de Deus santa e justa. E não podemos salvar ou justificar a nós mesmos por obras.
Romanos 3,21-31: Revelação da justiça de Deus pela fé em Jesus e suas implicações
Agora, Paulo retorna ao seu tema principal de Romanos 1,16-17 e explica que o evangelho é o poder de Deus para salvar os que creem pois ele revela a justiça de Deus pela fé. Ele declara nos versículos 21 e 22: “Mas agora, sem lei, manifestou-se a justiça de Deus [aqui ele capta o sentido da revelação da justiça de Deus no versículo 17] à parte da lei, embora, a lei e os profetas testemunhem desta justiça, 22 a justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que creem”.
Desse modo, o que é revelador sobre a justiça de Deus que confere ao Evangelho seu poder e salva os que creem? É a manifestação da “justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo”. É a justiça de Deus revelada como um dom para nós, pela fé. É isso que chamamos justificação. Assim, Paulo diz no versículo 24 que os pecadores que confiam em Cristo Jesus “são justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus”. A revelação da justiça de Deus que torna o evangelho o poder de Deus para a salvação é a demonstração da graça da justiça de Deus para os pecadores que confiam em Cristo.
Romanos 3,25 explica como Deus pode justificar pecadores sem ser injusto: “A quem Deus propôs [Cristo], no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos”. Em outras palavras, Deus ordenou a seu Filho morrer em nosso lugar para que a ira do Pai e maldição estivessem sobre ele e não sobre aqueles que creem. Dessa forma, manifesta seu ódio pelo pecado e seu tratamento justo para com ele. Por conseguinte, o versículo 26 declara que ele pode ser “justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus”.
Assim, a morte de Cristo é o fundamento de nossa justificação. Se crermos em Jesus, Deus nos considera justos em virtude de Jesus. Somos vistos e tratados como justos. Isso é justificação. E, no versículo 28, Paulo torna claro que essa posição diante de Deus não é por obras, mas pela fé: “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei”.
E aqui é preciso não perder a implicação multicultural, global e missionária do texto. Paulo extrai essa implicação dos versículos 29 e 30: “29 É, porventura, Deus somente dos judeus? Não o é também dos gentios [as nações]? Sim, também dos gentios, 30 visto que Deus é um só, o qual justificará, por fé, o circunciso e, mediante a fé, o incircunciso”. Justificação pela fé em Cristo é a mensagem poderosa e misericordiosamente global que temos para todas as nações, todos os grupos de povos e todas as pessoas que sempre encontraremos. Há um Salvador, uma cruz, uma ressurreição e uma forma de ser justo com o único Deus: tendo sua justiça imputada a nós mediante a fé em Cristo, não por obras.
Romanos 4: a justificação de Abraão pela fé à parte das obras
O capítulo 4 apresenta suas razões para a justificação mediante a fé à parte das obras ao usar Abraão como exemplo: “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça” (versículo 3). Um dos versículos mais preciosos na carta é baseado no exemplo de Abraão (versículo 5): “Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça”. Não obra, mas fé é o que justifica. E não o justo, mas o ímpio é justificado. São as boas-novas de fato — essa é a mensagem poderosa e misericordiosa de Romanos.
Romanos 5: Esperança e segurança em face do sofrimento e morte
No capítulo 5, Paulo recapitula o tema da justificação pela fé no versículo 1: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”. Então, ele revela a realidade do sofrimento e morte no capítulo 8. O versículo 3 do capítulo 5 nos diz porque podemos nos gloriar nas tribulações — elas levam à perseverança, experiência e esperança.
Então, no contexto dessa tribulação, ele argumenta exatamente da mesma forma que o faz no capítulo 8, partindo do argumento mais importante para o menos importante: se Deus pode fazer algo complexo, pode fazer algo simples. Recordemos que, em Romanos 8,32, ele afirma: “Aquele que não poupou seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura não nos dará graciosamente com ele todas as coisas [as coisas simples]?”. É exatamente dessa maneira que Paulo argumenta em Romanos 5,9: “Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue [isto é algo complexo], seremos por ele salvos da ira [isto é algo complexo]”. O mesmo tipo de argumento ocorre no versículo 10: “Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte de seu Filho [isto é algo complexo], muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida [isto é algo simples]”.
A ideia é nossa esperança e segurança em face do sofrimento e da morte, exatamente da mesma forma que a ideia em Romanos 8. O cristianismo normal é tribulação. “Mediante muitas tribulações, importa-nos entrar no reino de Deus” (Atos 14.22). Não se esqueça de que a mensagem poderosa e misericordiosa de Romanos é proposta no contexto da expectativa de sofrimento.
A morte é uma grande realidade em todas as culturas. Se há um evangelho, é preciso haver alguma explanação da morte e alguma esperança em face da morte. É disso que Paulo trata em Romanos 5,12-21 e ele o faz por comparar Adão, cuja desobediência trouxe o pecado e a morte; com Cristo, cuja obediência trouxe justiça e vida. O versículo 19 afirma o contraste mais claramente: “Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos”. O pecado de Adão e a condenação foram imputados a nós porque somos unidos a ele por nascimento; assim, a obediência e a justificação de Cristo foram imputadas a nós porque somos unidos a ele pela fé.
Em seguida, Paulo resume o triunfo da graça por meio de Cristo no versículo 21: “… como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça, pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor”.
Romanos 6: União com Cristo é Morte para o Pecado e Libertação de Escravidão
Esse fato levou a um problema que deveria ser resolvido: se somos justificados realmente pela fé somente e onde abunda o pecado abunda ainda mais a graça, logo, por que não pecar para que a graça possa abundar? E Paulo responde a isso no capítulo 6 com o ensino que a fé nos une a Cristo de uma forma real, a fim de que nós, de fato, experimentemos com ele uma morte para o pecado e a libertação de sua escravidão (6,6;17-18). Todas as pessoas justificadas são santificadas.
Romanos 7: Mortos para a lei para que pertençamos a outro
Então, no capítulo 7, Paulo argumenta que não é uma orientação sobre a guarda da lei que nos santifica ou nos faz semelhantes a Jesus. Não, “vós morrestes relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, a saber, aquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que frutifiquemos para Deus... Libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra” (7,4-6).
A vida cristã é vivida pelo dom gratuito e a busca sincera de uma relação com Jesus Cristo “para pertencerdes a outro!” (7,4). Cristo é o poder, a misericórdia, o modelo e o mandamento da vida cristã.
Romanos 8: Nada pode nos separar do amor de Cristo
Esta carta nos trouxe então, nessas semanas recentes, para Romanos 8 — o grande capítulo 8. Quem nos separará do amor de Cristo (versículo 35)? É possível perceber a conexão entre este texto e Romanos 7,4? Mortos para a lei de modo a pertencermos a outro — àquele que foi ressuscitado dentre os mortos, Jesus Cristo. Esse é o segredo para viver e o segredo para morrer. Quem nos separará então do amor de Cristo? Nada.
“Porque, se vivemos, para o Senhor, vivemos; se morremos, para o Senhor, morremos… Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto de mortos como de vivos” (Romanos 14,8-9). Viva sob seu senhorio, morra sob seu senhorio. E sempre cante o invencível amor de Deus em Cristo.
1 Principal jornal do Estado de Minnesota.
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