quinta-feira, 22 de março de 2012

Posted by Angelo Bazzo on 05:13 | No comments


O avivamento virá se...
Por: Wesley L. Duewel
Por sua própria iniciativa e vontade Deus nos deu, a nós Seu povo, o pacto do avivamento. Não foi nenhum ser humano que suplicou até que Deus prometesse enviar avivamentos. Por Ele ser o Deus do avivamento, voluntariamente nos deu a Sua aliança, como um convite para que busquemos o avivamento. Deus tem muito mais fome para enviar-nos o avivamento do que nós temos para recebê-lo.
Há várias formas na Bíblia pelas quais Deus afirmou o Seu pacto de avivamento, especialmente nestas passagens do Velho Testamento: Isaías 41:18; 44:3; 62:1, 6-7; e 64:1-2,4-5. Porém, provavelmente a promessa mais conhecida e mais citada está em 2 Crônicas 7:14:
“Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.”
Deus quer que nos lembremos e reflitamos sobre como Ele agiu no passado. Ele quer que esta lembrança nos torne ansiosos de vê-lo agir novamente com todo aquele poder que usou em outras épocas da história. Se o povo de Deus tiver suficiente fome, Deus ouvirá e mandará o avivamento.
Vamos fazer a nossa parte na aliança, no Seu pacto de avivamento. Aceitemos o Seu santo desafio de 2 Crônicas 7:14.
1. “Se o meu povo se humilhar. “
Quantas pessoas você conhece dentre o povo de Deus, que levam a sério o pacto de Deus? Quantos estão na verdade se humilhando? Humilhe-se na sua oração particular. Humilhe-se nas reuniões de oração e nas assembléias solenes diante de Deus. Humilhe-se com jejum como fez Davi (Salmo 35:13).
2. “E orar e buscar a minha face.”
Na história da igreja, toda vez que veio um avivamento foi depois de um período de intensa oração e de busca da face do Senhor por parte de alguns dos Seus filhos. Quando estudamos a história da obra de Deus na terra sempre encontramos santos fiéis em oração, muitas vezes em secreto, persistindo em oração diante Dele, suplicando para o Senhor reavivar o Seu povo. Sempre houve pessoas – geralmente muitas – que no íntimo dos seus corações clamavam a Deus incessantemente.
Deus exige mais do que simples orações casuais para o avivamento. Ele quer que o Seu povo esteja sedento e faminto pela Sua operação maravilhosa e poderosa. Buscar a face do Senhor é mais do que simplesmente mencionar o avivamento em nossa oração. Envolve orações freqüentes e prolongadas. Requer uma santa determinação em oração, examinando-nos cuidadosamente para ver se há alguma coisa nas nossas vidas que está nos afastando de Deus. Aquele que busca o avivamento está preparado para dar qualquer passo necessário para que a sua oração seja respondida. Aquele que busca o avivamento está sempre pronto a obedecer a Deus em tudo. Buscar a face de Deus freqüentemente exige que se peça perdão aos outros (Mateus 5:23-24; 6:14-15; Marcos 11:25; Lucas 6:37; Cl 3:13). Geralmente exige a solução de atritos que impedem que as orações sejam respondidas (1 Pedro 3:7). Você está buscando a face de Deus?
3. “E se desviar dos seus maus caminhos.”
Quaisquer coisas que entristeçam a Deus, quer sejam coisas que fizemos ou que deixamos de fazer – impedirão o resultado do nosso empenho em responder ao pacto de avivamento de Deus. Devemos ser sensíveis ao Espírito Santo e aos Seus esforços em apontar as áreas das nossas vidas que nos desviam da Sua obra e nos roubam a bênção completa de Deus. Muitas vezes o Espírito Santo, com Sua voz forte, nos corrige, fazendo-nos sentir profunda convicção da nossa falha. Em outras ocasiões Ele usa um gesto gentil para nos dirigir mais completamente para dentro da vontade de Deus.
Uma obediência imediata a qualquer coisa que o Espírito Santo nos mostre, um arrependimento imediato a qualquer coisa que entristeça o coração de Deus – isto é o que prepara o caminho para o avivamento. Ninguém é mais rápido em sentir a reprovação do Espírito Santo, nem mais sensível e responsivo a Deus do que uma pessoa cheia do Espírito Santo. Daí se segue que ninguém é tão rápido em se arrepender de qualquer falha como uma pessoa cheia do Espírito Santo! Eis porque Deus precisa de pessoas cheias do Espírito para ocupar postos chave na Sua estratégia de avivamento.
Os três passos acima são essenciais na preparação do caminho do Senhor para o avivamento. Estas são as condições do pacto de Deus se quisermos ver os seus feitos poderosos. Mas tão certo como o Senhor está nos céus, quando preenchemos Suas condições bem claras, Deus fará duas coisas: concederá perdão por nós O termos entristecido de alguma forma e curará graciosamente a nossa terra.
O mundo inteiro está ferido por Satanás e pelo pecado. Todas as nações estão necessitando desesperadamente de cura. Muitas igrejas, grupos e famílias precisam de cura. O avivamento sempre traz cura para lares, igrejas, comunidades e nações. “Oh! Deus, sara nossa terra” deve ser o clamor de coração de todo cristão.
Haverá outro grande avivamento?
Nunca é tarde para Deus. Se nós preenchermos as condições divinas do pacto de avivamento veremos o cumprimento das promessas de Deus a esse respeito. A questão não é tanto se “Virá o avivamento?” e sim: “Será que preenchemos as condições do pacto de Deus para o avivamento?”
Será este o tempo de Deus? Assim como sempre é o tempo de Deus para salvar, sempre é tempo de Deus para conceder o avivamento. Com tanta certeza como “hoje é o dia da salvação”, agora é o tempo do avivamento, porque agora é o dia da graça. Pode demorar algum tempo para preenchermos as condições de Deus, para preparar o caminho do Senhor e para orar até vencer as batalhas de oração na guerra espiritual. Mas Deus não atrasa o avivamento porque seja arbitrário. E não é necessário ficar implorando, como se não quisesse enviar.
Nos séculos passados Deus concedeu muitos avivamentos, grandes e pequenos. Os avivamentos de Finney talvez tenham sido mais extensos do que os avivamentos de Wesley e Whitefield. Os avivamentos de 1858-59 foram mais extensos do que os avivamentos de Finney e podem até ser considerados como a continuação por parte de Deus, dos avivamentos de Finney. Com certeza o avivamento de 1858-59 foi o primeiro realmente internacional.
O avivamento de 1905-1909 provavelmente foi precedido de oração e fome espiritual numa escala internacional muito maior do que os avivamentos anteriores. As bênçãos de Deus se derramaram sobre mais países do que em movimentos anteriores.
Mas nunca na história cristã houve um desejo tão intenso pelo avivamento em tantas partes diferentes do mundo e por pessoas das mais diferentes origens denominacionais como há agora!
Com certeza esta fome é o resultado do chamado à oração que o Espírito Santo faz ao povo de Deus. Há mais livros escritos sobre a oração agora do que nunca antes. Organizações e denominações têm convocado seus membros para um ano de oração pelo avivamento como nunca aconteceu antes. Sem dúvida o Espírito Santo está convocando o povo de Deus para se pôr de joelhos. Sem dúvida Ele está guiando Seu povo para se unira Cristo – nosso grande Sumo Sacerdote – no Seu grande desejo e santa determinação de promover um outro grande avivamento. Certamente o próprio Espírito Santo está gemendo em oração hoje por um avivamento na igreja (Rm 8:26).
O Espírito Santo não brinca conosco e com as nossas vidas de oração. Quando Ele nos dá uma fome e um anseio de oração pelo avivamento, Ele mesmo e o nosso querido Sumo Sacerdote intercessor se unem conosco naquele desejo sagrado. A nossa participação não passa de um frágil eco dos anelos profundos e desejos e intercessões da parte Deles. Será que a intercessão Deles será em vão? A chamada à oração que Deus coloca em nossos corações é uma prova de que o Deus triuno está querendo enviar um avivamento. Este é o tempo de Deus.
Por que razão não deveríamos esperar que Deus nos desse um grande derramamento do Espírito Santo antes da segunda vinda do Senhor? Por que não seria este o avivamento mais extenso geograficamente que a igreja jamais conheceu? Com certeza o milênio será o maior de todos os avivamentos. Deus usou os meios de comunicação no passado para ajudar a espalhar a fome, a expectativa e as novas do avivamento. Por que não o faria agora, em dimensões bem maiores nesta época de radio, televisão e comunicação internacional?
Há necessidade de uma intercessão mais eficaz
Mas nós ainda somos muito displicentes e ineficazes nas nossas vidas de oração. Precisamos recrutar muito mais filhos de Deus para uma intercessão séria e eficaz para o avivamento. Provavelmente o maior remorso de milhões de cristãos pela eternidade será de ter falhado tão tragicamente nas suas vidas de oração.
Como se sentirão envergonhados quando se apresentarem diante do trono do julgamento de Cristo. Mas, oh, a alegria daqueles que se despertarem agora e investirem uma quantidade adequada do seu melhor tempo em intercessão fervorosa, particularmente pelo avivamento.
Louvado seja o Senhor pelos Seus avivamentos nos séculos passados. Louvado seja o Senhor porque Ele é o mesmo hoje. Louvado seja o Senhor porque prometeu enviar o avivamento se cumprirmos a nossa parte nas condições estabelecidas. Nós não podemos comprar o avivamento; ele nos é concedido pela graça. Mas podemos participar na preparação do caminho do Senhor, se assim escolhermos.
Faça um novo compromisso de oração com o Senhor. Junte-se ao Deus Filho e ao Deus Espírito na intercessão pelo avivamento. Separe um tempo regular para oração. Caia de joelhos agora e ore.
Extraído de Revival Fire por Wesley Duewel. Copyright 1995 por Wesley Duewel. Publicado com permissão de Zondervan Publishing House.
Adquira o livro em português, O Fogo do Reavivamento, escrevendo para: Fundamentos Comercial e Editora Ltda., Caixa Postal 391 – Americana SP.
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terça-feira, 13 de março de 2012

O Grande Prêmio por Theodore Austin-Sparks

Posted by Angelo Bazzo on 08:10 | No comments



O Grande Prêmio

Theodore Austin-Sparks

Leitura: Filipenses 3.1-16

A carta aos filipenses começa com uma declaração de Paulo: “Porque para mim o viver é Cristo” (2:21) e, depois, continua a expressar seu desejo de conhecer ao Senhor mais e mais, com sua determinação de perseguir tal conhecimento como um prêmio muito desejado.
Se quisermos saber o que significa ganhar a Cristo, temos de voltar para Romanos 8:29, onde descobriremos que a intenção de Deus é que sejamos conformados à imagem do Seu Filho. Ser conformado é ganhar a Cristo – este é o prêmio, e ele envolve alcançar a plenitude de Cristo em perfeição moral. Tal plenitude deve expressar a glória a ser manifestada pelos filhos de Deus. É simplesmente isto: tornar-se moral e espiritualmente um com Cristo em Seu lugar de exaltação é o alvo e o prêmio da vida cristã. Faremos bem se mantivermos diante dos olhos este final glorioso: “a manifestação dos filhos de Deus”.
Quando Paulo falou sobre ganhar a Cristo e sobre alcançar o prêmio, ele estava expressando seu desejo ardente de ser conformado à imagem do Filho de Deus. Essa conformação é o objetivo da salvação e é o propósito de Deus na salvação, não deixando, porém, de ser algo pelo que precisamos batalhar. É claro que não fazemos nada para ganhar a salvação, e que também não precisamos sofrer a perda de todas as coisas para sermos salvos. Somos salvos pela fé, não por obras; salvação não é um prêmio a ser alcançado, não é algo pelo qual tenhamos de nos esforçar, mas é um presente, um dom gratuito. Além desse presente, contudo, Paulo ainda aspirava alcançar alturas não conquistadas e, por isso, escreveu que considerava todas as coisas como perda por causa da excelência do conhecimento de Jesus Cristo seu Senhor. Se o poder do mesmo Espírito está operando em nós, certamente produzirá o mesmo efeito de nos fazer entender quão pequeno é o valor de tudo o mais quando comparado com o grande prêmio de Cristo.

A SUPREMA QUESTÃO

É interessante comparar Marcos 10 com Filipenses 3, já que cada passagem nos fala de um jovem e de sua decisão em certo momento. Os dois homens eram parecidos em vários aspectos: eram ambos ricos legisladores, homens com alta posição social, intelectual, moral e religiosa entre os seus. Eram provavelmente ambos fariseus e foram ambos amados pelo Senhor. De um precisou ser dito: “Uma coisa te falta”, enquanto o outro afirmou: “Uma coisa eu faço”. O jovem sem nome retirou-se de Jesus com muita tristeza, mas não retrocedeu, e a razão foi porque ele não estava preparado para repartir suas grandes posses. Paulo também tinha muitas posses, mas elas perderam todo seu atrativo na luz da visão que ele teve de Cristo. Para ele, era uma escolha entre as recompensas terrenas ou o único e grandioso prêmio celestial - e ele alegremente optou por esta último.
Podemos dizer, de certo modo, que ele tinha uma grande vantagem e uma visão diferenciada de Cristo, porque ele viu o Senhor no pleno poder da ressurreição. Ele não viu somente Jesus de Nazaré como o outro jovem havia visto, mas ele pôde apreciar algo da sobrexcelente grandeza do poder de Deus ao levantar da morte este Único que, humilhado e rejeitado pelos homens, na cruz foi reduzido ao desamparo e aparente desespero somente para ser erguido da morte e da tumba e ser exaltado estando à direita da majestade nas alturas. Foi o poder da ressurreição que fez Paulo decidir conquistar o prêmio.

O PODER DA SUA RESSURREIÇÃO

O que torna tudo possível na vida espiritual é o fato de que o mesmo poder de ressurreição que levantou Cristo levando-o ao Seu destino espiritual é o poder que opera em nós (Ef 3:20). É verdade que nossa justificação repousa na ressurreição do Senhor Jesus, mas ainda assim a total abrangência daquela ressurreição vai muito além da esfera da salvação pessoal, porque seu poder é o meio pelo qual toda realização do pensamento eterno de Deus pode ser cumprida. Provavelmente uma das maiores necessidades do nosso tempo – o qual eu creio ser o tempo do fim – é a de um conhecimento experimental mais pleno da vida de ressurreição, pois o triunfo final da Igreja com sua definitiva chegada ao trono, e conseqüente desalojamento do reino satânico, só pode ser alcançado por esse meio. Essa vida é algo que confrontou todo o poder diabólico do universo e provou que não pode ser tocada ou corrompida; portanto, tanto moral quanto fisicamente é a vida que triunfou sobre a morte.
Vida de ressurreição não é uma idéia abstrata ou uma sensação mística, mas é uma expressão muito prática da vitória sobre o pecado e sobre Satanás. Se essa vida pudesse ser maculada ou corrompida, então Satanás teria alcançado a vitória final. Mas não há temor desta tragédia, pois a vida de Cristo é aquela que plena e definitivamente venceu a morte. E, ainda que Sua vida de ressurreição O colocou numa posição inacessível, “acima de tudo”, ela visa trazer Sua Igreja para compartilhar da Sua vitória e de Seu trono. Portanto, em sua busca pelo prêmio, Paulo primeiramente menciona sua necessidade de conhecer “o poder da Sua ressurreição”.
Eu creio que essa atitude de Paulo testa nosso próprio conhecimento de Cristo. Não consigo entender como um cristão que realmente conhece o habitar interior da vida de ressurreição de Cristo pode se apegar a coisas, mantendo controvérsia com o Senhor sobre abrir mão disto ou daquilo, quando a única alternativa é o total despojamento para Cristo. O que deveria determinar todas as disputas e questões é a percepção da natureza real de nosso supremo chamamento em Cristo e a determinação de não permitir que algo fique entre nós e a operação plena da Sua vida de ressurreição.

A COMUNHÃO DOS SEUS SOFRIMENTOS

A busca de Paulo pelo prêmio fez com que ele desejasse não somente conhecer Cristo no poder da Sua ressurreição, mas também estar pronto a penetrar nas aflições por causa dEle e com Ele. Isto coloca o sofrimento no seu devido lugar, relacionado a um caminho para a glória. Freqüentemente o sofrimento está fora de lugar em nós, nos causando problemas ao ser aquilo que nos preocupa e que prejudica tudo o mais. O Senhor pode nos fazer ver o sofrimento conforme deve ser visto, ou seja, em relação a algo que nos faz vê-lo bem menor do que poderia ser. “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada”, e esta glória é a glória dos filhos de Deus. Essa foi a glória que Paulo descreveu como o grande prêmio de ganhar a Cristo.
Se perguntarmos o que significa ganhar a Cristo, temos que considerar Romanos 8, onde encontraremos que a intenção de Deus é que sejamos conformados à imagem de Seu Filho. Esse processo de ser conformado a Cristo é de fato ganhar a Cristo: este é o prêmio. Isso implica alcançar a plenitude de Cristo em perfeição moral, pois esta perfeição moral e espiritual é a Sua glória. Assim, para nós, a questão básica é esta: estar moral e espiritualmente onde Cristo está em Seu lugar de exaltação é a meta, o prêmio. Fazemos bem em não perder de vista este final glorioso: “a manifestação dos filhos de Deus”, quando seremos revelados com Cristo e feitos como Ele. Enquanto isso, no tempo presente nós gememos. Se francamente analisarmos tais gemidos, descobriremos que eles representam nosso desejo ardente por sermos libertos da vida da velha criação, com seu laço de corrupção, pecado e morte, de modo que possamos conhecer a perfeição moral em Cristo. Um dia os gemidos cessarão, esse será o momento de nossa chegada à perfeita conformidade a Cristo.
Isso foi o que Deus pré-ordenou, porque notamos que o trabalho de Deus numa criação que geme está relacionado com o conhecimento prévio que Ele tem e, portanto, relacionado com Sua pré-determinação das coisas. Tal predestinação não estava vinculada ao assunto básico da salvação, mas muito mais com o objetivo da salvação. Isso faz toda a diferença. O objetivo da salvação é a conformidade à imagem do Filho de Deus, pois àqueles que Ele conheceu de antemão Ele os pré-ordenou, não para serem salvos ou se perderem, mas para serem “conformados à imagem do Seu Filho”. O trabalho do Espírito do Seu Filho em nós, constituindo-nos filhos e capacitando-nos a clamar “Abba, Pai”, é o início do trabalho de Deus na criação que geme - o trabalho de manter em segredo aqueles filhos que proverão a chave para sua libertação do completo estado de vaidade e decepção que ela possui atualmente. Toda criação será levada a desfrutar da liberdade da glória dos filhos de Deus, pois esse é o objetivo do poder da ressurreição operando em nós. Estamos vinculados, em nossa própria filiação, com o emancipar toda a criação da vaidade que foi imposta sobre ela. Todavia veja: não basta a criação ser liberta no momento da manifestação, é necessário reaver seu caráter a partir de Cristo revelado nos filhos de Deus. Ela somente encontrará sua verdadeira glória quando o poder da ressurreição de Cristo tiver expressão plena na glorificação dos filhos de Deus à medida que eles recebem seus corpos redimidos, feitos como o de Jesus.
Você pode pensar que esta vasta concepção não o ajuda muito quando se depara com suas próprias dificuldades. Mas é por isso mesmo que Romanos 8:28 vincula tais experiências práticas com o total alcance do propósito de Deus em Cristo. Esse chamado e propósito governam cada detalhe de nossa jornada espiritual. Se, porém, consideramos os fatos da vida meros incidentes pessoais, não conseguiremos ver neles benefício algum. Mas, se por outro lado, consideramos a relação desses fatos com a determinação de Deus de nos fazer como Cristo, então encontramos a chave do significado deles. Isso é mais do que algo pessoal, pois a provação, dificuldade, perplexidade ou provocação carregam o segredo de desenvolver em nós a vida do Senhor Jesus, a vida de ressurreição que traz consigo o objetivo final de Deus - a glorificação de todo o universo. O Novo Testamento é muito prático: as grandes coisas das eternidades são trazidas ao nível dos mais íntimos detalhes da nossa vida espiritual, fazendo com que todas as coisas operem conjuntamente. Essas “todas as coisas” contribuirão para o bem final, se consideradas à luz do propósito divino. A intenção de Deus não deve ser esquecida. Pode parecer que estamos sofrendo uma contradição: pedimos algo e recebemos o contrário; isso ocorre porque Deus não está nos isentando da responsabilidade, mas usa experiências contrárias para forjar em nós aquela força moral que somente o Espírito Santo pode conceder.

CONFORMIDADE COM SUA MORTE

Foi o Espírito Santo que fez Paulo escrever as coisas nessa ordem: primeiro o poder da Sua ressurreição, depois a comunhão em Seus sofrimentos e, finalmente, ser conformado à Sua morte. Na verdade, só conseguiremos conhecer o poder da Sua ressurreição se participarmos com Ele de Sua experiência de morte, o que implica em deixarmos de lado tudo o que é pessoal para fazermos das coisas de Cristo nosso único objetivo. Não é verdade que a base do pecado é o orgulho? E o que é orgulho, essa raiz do pecado? Ele consiste em interesses pessoais, egoístas e individualistas. Foi desse modo que o pecado entrou no universo de Deus no princípio, porque Satanás caiu quando disse: “ Eu exaltarei meu trono... eu serei como o Altíssimo”. Em seguida ele persuadiu Adão a agarrar a oportunidade de ser “como Deus” (Gn 3:5), fazendo o interesse pessoal entrar para a raça humana. Tal orgulho é nativo em todos nós, somente uma experiência prática de conformidade a Cristo em Sua morte pode nos libertar dele.
As tentativas contínuas de Satanás em trabalhar no nosso interesse pessoal são tão sutis, que ele pode até parecer estar propagando Cristo se puder fazê-lo de modo a subjugar servos de Deus. Foi em Filipos, cidade para qual essa carta foi dirigida, que um dos seus demônios proclamou publicamente que Paulo era um servo do Deus Altíssimo que apresentava aos homens o caminho da salvação. O que mais Paulo poderia desejar? Ele tinha propaganda gratuita! Bem, o fato é que podemos ter certeza de que um plano sutil do diabo está a caminho quando ele começa a patrocinar o Evangelho e a tornar seus pregadores populares. O apóstolo percebeu isso e, tendo esperado em Deus, repreendeu o demônio, com resultados calamitosos para ele e Silas, pois isto os levou à prisão, com todo o inferno enfurecido contra eles. Paulo, porém, havia sido liberto de uma armadilha satânica, embora estivesse na cadeia. Embora estivesse naquele momento sendo conformado a Cristo numa nova experiência de Sua morte, isto inevitavelmente o levou a ter uma nova experiência do poder da ressurreição de Deus. Ele sobreviveu para escrever aos filipenses de uma prisão em outra cidade, e lhes assegurou mais uma vez que as coisas que lhe aconteceram possibilitaram a expansão do Evangelho. Quando idéias, preferências e desejos humanos são colocados à parte, isto pode significar privação no primeiro instante; mas quando os interesses pessoais são mortificados, um novo lugar é dado a Cristo em nossas vidas e estaremos mais e mais próximos de nosso grande prêmio.

CRISTO MAGNIFICADO

Parece claro que à medida que o apóstolo seguia em direção ao fim da sua vida, mais ardentemente ele buscava o prêmio de ser conformado a Cristo. Creio que é um avanço verdadeiro quando chegamos ao lugar onde podemos viver sem a sedução de sinais visíveis de sucesso ou milagres óbvios, onde podemos ser completamente felizes com o próprio Senhor. O que eu tenho em meu coração é que você e eu venhamos mais e mais para o lugar onde o próprio Senhor Jesus é tudo para nós. Não buscamos conformidade a Ele em si mesma ou para nossa satisfação, mas somente para que Ele possa encontrar alegria ao nos aproximarmos mais dEle. Esta é a marca de crescimento espiritual e maturidade: desejar tão-somente que Cristo seja magnificado e prosseguir resolutamente neste objetivo. “Cristo é o caminho e Cristo é o prêmio.”

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