domingo, 13 de setembro de 2009

Letras e Pessoas

Posted by Carolina Sotero on 16:35 | No comments



(tela de Honoré Daumier)

Do que adianta as palavras
Se estiverem mortas e guardadas nos livros?
Do que adiantam as frases
Se só são encontradas nas bocas e não nas mãos?

Do que me adianta gastar sonhos em papel e caneta
Se para alguns, eles não passarão da noite passada?
‘Tudo realmente não passou de um sonho’, dirão

Leitores acordam após horas revirando páginas
Não esquecem os textos
Mas permanecem nas placas que dizia sobre o que ser feito

Enquanto pessoas lamentam suas ausências
Eles dormem mortos sobre letras vivas
Matam pela letra, morrem por ela
Mas não vivem por ninguém

Tristeza é ver teorias e idéias ocupando lugar de ações
E a culpa não é delas, idéias não têm culpa
E teorias não são pessoas


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sábado, 12 de setembro de 2009

Quando mudam as gerações

Posted by Carolina Sotero on 16:27 | No comments


Falar de tempo não é algo fácil. Muito menos de gente, que dirá gerações. O tempo é aquele enigma que a gente vive tentando entender e morre tentando explicar. É aquele andamento supervisionado das coisas – que parece estar sempre sendo controlado por Alguém – nos restando como única proposta a de acompanhá-lo.

Ah! E esse tal de tempo nos prega cada surpresa. As pessoas bem que sabem disso, sofrem com o tempo porque ele sempre traz mudanças. Certamente se esperarmos “um tempo” ele chegará com transformações e com companhias: as dores e os festejos.

E é exatamente nesse rasgo do relógio, quando o dia fala com noite, que as gerações são trocadas. É quando o rosto do trabalhador já cansado, pede uma rede para descansar. Querendo ver o resto da vida discorrer numa varandinha qualquer, o velho Pai percebe que o filho “até que tem jeito pra coisa”. Ás vezes o orgulho não deixa ver que o menino tem mais do que jeito, tem é disposição, tem vocação, tem energia.

Mas o Pai depois de tantas lutas é vencido pela humildade do amor e confessa, com sua saída, que o menino já é o dono desse tempo que vem chegando, se não já chegou.

(foto de Criz Queiroz)

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